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“Operação de risco”, diz economista sobre empréstimo consignado com Auxílio Brasil

12/08/2022 às 20:33
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Endividamento. Foto: banco de imagens livres do Canva
Endividamento. Foto: banco de imagens livres do Canva

Enquanto alguns comemoram a oportunidade em poder realizar um empréstimo bancário sem que análises de crédito sejam realizada, já que o Brasil já contabiliza mais de 63 milhões de pessoas inadimplentes, especialistas alertam para o crédito consignado com o Auxílio Brasil. “Operação de risco”, assim definiu o economista e professor Charlles Franklin Duarte.

Os bancos estão divididos sobre a liberação do empréstimo. Além de questões éticas, pois estarão emprestando dinheiro para pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, há também o aspecto de segurança das instituições. 

“O primeiro risco é a questão da perda desse benefício (Auxílio Brasil), porque tem um tempo limitado de recebimento desse benefício, inclusive a proposta do governo é colocar esse valor em torno de R$ 600, mas ninguém garante e o governo também não tem esse orçamento para manter esse valor no próximo ano. Então provavelmente vai cair para R$ 400”, prevê o professor Charlles.

Com os índices de desemprego, fome, pobreza e extrema pobreza altos, o Brasil passa por um momento econômico muito delicado. Por isso programas sociais como este que o governo federal oferece são tão importantes. Segundo pesquisa feita pelo IBGE, R$ 289 é o valor que 33 milhões de brasileiros possuem mensalmente para viver. 

Segundo o Banco Mundial é considerada pobreza a situação das pessoas que vivem com menos de aproximadamente R$ 27,90 (U$ 5,5) por dia e extrema pobreza quem vive com R$ 9,60 (U$ 1,90) diários. A conta é fácil qualquer criança consegue fazer dividindo R$ 289 por 30 dias o resultado é R$ 9,60, ou seja, são 33 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza no país.

São pessoas que não tem a segurança se vão conseguir alimentar na próxima refeição e que não podem facilmente solicitar um empréstimo através de um auxílio social. 

“Os vulneráveis que já estão com a renda totalmente comprometida para sua sobrevivência, no consumo de bens para as suas necessidades pessoais acabam comprometendo a questão do empréstimo o que influencia bastante na devolutiva desse dinheiro para os bancos.”, explicou Charlles sobre as futuras dificuldades que os beneficiados podem encontrar futuramente para quitar a dívida do crédito junto às instituições financeiras. 

Normalmente os empréstimos consignados são mais baratos em relação aos empréstimos pessoais, financiamento de imóveis e veículos. Quem recebe aposentadoria ou pensão do governo pode conhecer ou já ter recebido alguma proposta tentadora do banco. Tudo indica que no caso do empréstimo com o Auxílio Brasil não será do mesmo jeito que os tradicionais descontados na fonte.

“As taxas de juros são muito altas, não são baixas! Nem todos os bancos vão aderir a essa operação, quer queira quer não é operação de risco, porque você vai oferecer dinheiro para vulneráveis e tem a questão do vulnerável perder essa renda e depois como é que fica? Como os bancos vão reaver esses valores porque os vulneráveis vão dizer que não tem de onde tirar, então vai acontecer muita inadimplência. Tem risco de um lado e tem risco do outro”, diz o economista.

Quem optar por tomar o crédito oferecido pelos bancos a partir do benefício social Auxílio Brasil pode não conseguir quitar o débito devido ao encerramento do programa. Ele acabará sendo mais uma conta para “empurrar com a barriga”. Em contraponto, numa situação de extrema pobreza ou mesmo pobreza em que surge a oportunidade de conseguir algum dinheiro para desafogar pode ser quase que impossível recusar essa proposta. 

Ao que tudo indica que muitos bancos não estão preocupados com os riscos financeiros que podem assumir emprestando dinheiro para beneficiados com o Auxilio Brasil, muitas instituições já estão realizando até pré-cadastrado online.

De acordo com o decreto registrado nesta sexta-feira, 12 de agosto, o Ministério da Cidadania liberou o empréstimo consignado por meio do Auxilio Brasil de até 40% do valor do benefício.

“Como todos os empréstimos são arriscados e os veneráveis, principalmente, vão tomar empréstimo para consumo e não para investimento, logo é um risco muito considerável”, encerra o economista.