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Bento XVI confessa a Papa Francisco que sabia da pedofilia na igreja no filme “Dois Papas”

24/12/2019 às 03:26
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“Uma ode a autoridade” é o que a crítica vem dizendo sobre o filme catalogado na Netflix esta semana, o “Dois Papas”. No longa, duas lideranças religiosas importantes, Papa Bento XVI e Papa Francisco, dialogam, expõe os desafios e dificuldades de exercer um pontificado, cargo importante que impacta mundialmente.

Segundo o filme, quando Bento ainda exercia a função de papa, ele convocou a presença de Francisco no vaticano. Francisco ainda era arcebispo e morava na Argentina. Na ocasião, os dois religiosos com pensamentos bem diferentes dialogam sobre o que acontece na igreja. Enquanto Bento é extremamente conservador, Francisco é um ousado progressista que quer trazer uma reforma para a Igreja Católica Romana. Neste primeiro diálogo os dois conflitam bastante, mais tarde eles confraternizam, Bento toca piano e Francisco ouve as canções atento, acompanhado de uma taça de vinho.

Em um segundo encontro, o dialogo foi mais “pesado” para ambos, e mesmo não concordando com as revoluções de Francisco, Bento sente que Deus deu a ele uma resposta trazendo-o para ele, e anuncia a Bento que irá renunciar ao papado e que gostaria de ter o argentino como seu sucessor, logo Bergoglio (Francisco), que foi ao Vaticano justamente para solicitar ao papa sua aposentadoria.

Ali, em um local muito reservado, Franscisco confessou ao Ratzinger (Bento) que se sentia culpado pela morte de alguns jesuítas, que durante a ditadura militar (1976 – 1983) se recusaram a serem cúmplices. Francisco inclusive até hoje é acusado por ter sido omisso na época. Já no filme ele explica que precisava salvar os padres, pois muitos estavam sendo mortos pelo sistema repressor da forças armadas argentinas, e conta também que precisou queimar muitos livros, inclusive os escritos por Karl Marx, para poder sobreviver, e  que por isso tudo, por sentir-se culpado, ele não poderia assumir um papado. Ao ouvir isso, Bento assumiu que a igreja precisa de mudanças.

O diálogo chegou a um nível crítico, quando ao perceber que Francisco relutava a ideia de ser papa, o Bento começou a se confessar, como um mero fiel da igreja católica. Ele contou para Francisco que não conseguia mais viver com a culpa, pois sabia dos escândalos de pedofilia na igreja, pois o ex-papa conta que “as provas estavam todas lá na minha mesa”, e que não fez nada a respeito para manter a igreja de pé. É como se Bento não se sentisse digno de exercer o papado e por isso gostaria de passar o bastão, mas não a qualquer pessoa, mas para alguém que tivesse coragem de fazer as mudanças que a igreja precisa. Francisco o absorve do pecado e enfim aceita o chamado.

O filme tem um toque de humor. Além de tomarem vinho e Bento tocar piano, os dois comem pizza tomando Fanta, a bebida oficial de Bento. Curiosos dizem que Bento é viciado em Fanta e toma pelo menos duas latas ao dia.

Francisco volta para a Argentina e quando menos espera está lá Papa Bento XVI anunciando sua renúncia para todo o mundo. Houve nova eleição e Francisco foi eleito o novo Papa. Francisco começa a percorrer o mundo com novas ideias para aborto, a homossexualidade e igualdade social. Ele também se recusa a usar as roupas e sapatos luxuosos de um papa, aborrecendo bastante a bancada conservadora do Vaticano.

Moral da história, o filme mostra que é possível que dois lados opostos dialoguem e que mesmo uma pessoa possuindo total autoridade é capaz de reconhecer em si falhas e abrir mão de cargos importantes em prol de um bem maior.

Sem dúvida é um filme que vale muito a pena assistir. Dirigido pelo brasileiro Fernando Meireles. Jonathan Pryce vive Jorge Bergoglio (Francisco) e Anthony Hopkins, vive Bento XVI. Veja o trailler:

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