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"A moda gerou muitas opressões", diz Dudu Bertholini no Minas Trend

23/10/2019 às 00:03
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Na moda, o estilo deve expressar mais diretamente a singularidade do indivíduo e distingui-lo. Estilo, diferente de moda, é algo que não é trivial. A roupa não tem precedência sobre a personalidade do indivíduo e também não modifica as suas formas, mas, pelo contrário, o sublima. Os looks mais refinados são os mais bem-sucedidos. Também passa pelo conforto. Estilo é uma mistura de consciência e inconsciência. Moda é atitude e comportamento.
Os desafios e oportunidades que a humanidade vive através das novas economias implicam um esforço coletivo para enfrentá-las. A moda nasce para promover uma maior representação na exploração, geração, disseminação e apropriação de conhecimentos e práticas relevantes que permitem tecer um futuro mais inclusivo e influente, um espaço para tecer futuros conscientes.
“Tecendo futuros” é o tema da 25ª edição do Minas Trend, maior salão de negócios da América Latina, que começou nesta terça-feira (22), e vai até o próximo dia 25 de outubro. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, participou da abertura do evento e ressaltou a importância do setor produtivo: “Eu dedico parte expressiva do meu tempo ao setor produtivo, pois sei que só assim a economia vai melhorar. O Estado, nos últimos anos, se tornou inimigo de quem gera empregos, e agora nós estamos mudando isso. Posso dizer que os primeiros resultados começaram a aparecer”.
Famosos como a atriz e cantora Mariana Rios, também marcaram presença.
Durante a sua participação no primeiro dia do evento, o estilista Dudu Bertholini levou sua mensagem sobre a diversidade no mundo da moda. Bertholini aproveitou o momento para dialogar com a indústria da moda, formadores de opinião, críticos e público em geral, sobre a padronização que a moda causou na sociedade e como é urgente que o mundo fashion rompa os “padrões de beleza” impostos na há anos.
Em alto e bom tom, Dudu explicou sobre a urgência que a moda precisa ter em quebrar padrões: “…é claro que a moda gerou muita alegria, muita aceitação, ela gerou muito desenvolvimento, mas a verdade é que o padrão, a ideia do padrão, criou antes de mais nada, opressões. O padrão, ele é cruel, porque automaticamente ele exclui quem não pertence a ele, ele automaticamente coloca de lado quem não está dentro dessas normas, ou seja, se a gente tá criando um modelo, tido como o certo, ou o mais atraente, como o mais bonito, naturalmente a gente ta excluindo todos os outros padrões que não pertencem a ele”, disse o stylist durante sua palestra. “A Diversidade no Mundo da Moda”, finaliza Bertholini.
Embora Bertholini – que em entrevista ao portal Mais Minas confessou não saber definir sua profissão por atualmente trabalhar em inúmeros seguimentos da moda – ter feito severas críticas ao que a moda se tornou para o ser humano, ele também falou com orgulho sobre ela: “A moda é um sistema de renovação permanente que traduz o desejo das pessoas, ou seja, a moda é um espelho do mundo a nossa volta. Através da moda a gente consegue entender a história da humanidade, através da história da moda, a gente consegue entender geografia, religião, clima, a gente consegue entender o cenário político, a gente consegue entender o pensamento vigente das pessoas num determinado lugar, num determinado tempo, a moda é um reflexo da humanidade, é isso que faz ela ser tão interessante. Se ela fosse apenas um vai e vem de tendências, que mandasse a gente usar calça de um jeito, blusa de outro, pantacourt numa hora, cropped na outra, isso seria muito bobo, a gente já vive num mundo que você coloca inúmeras regras. Quando a gente passa a entender a moda como antropologia, quando a gente começa a entender o ser humano através da moda, é que ela se faz valer.”


Dudu foi a fundo e falou praticamente sobre todos os tipos de corpos e tipos de pessoas possíveis: alto, baixo, gordo, magro, pessoas portadoras de necessidades especiais, gays, trans, pessoas não binárias, negros, etc. Segundo ele, já passou da hora da indústria da moda começar a pensar como vestir todas as pessoas. Ele citou alguns exemplos de projetos que  já estão atuando na moda. Para Bertholini, a revolução é real e inevitável. Ele provou no telão,mostrando ao público imagens do desfile do projeto Free Free, que aconteceu na última semana na São Paulo Fashion Week |(semana da moda paulistana), encabeçado pela stylist Yasmine Sterea, que, na ocasião, colocou na passarela diversos tipo de mulheres, como indígenas, mulheres com deficiência física, grávidas, plus size, mãe com criança no colo e idosas. O projeto consiste em mostrar ao mundo que todas as pessoas, além de terem o direito de se vestir, devem ter o poder de escolher.

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